O meu primeiro cão e eu

Conselhos para lidar com cães que ladram muito Conselhos para lidar com cães que ladram muito

Conselhos para lidar com cães que ladram muito

Causas pelas quais existem cães que ladram muito

1. Genética

Não se sabe exatamente qual a percentagem genética que possui influência sobre o comportamento do cão. Mas sabemos que o tipo de raça (ou mistura de raças) determinam em grande medida a predisposição ao latido.

Isto acontece porque as raças são o produto de uma criação seletiva por parte do homem. Este escolheu determinadas características nos cães que são mais úteis dependendo do caso ou contexto em que se inserem. 

Raças de cães que ladram muito

Entre as raças mais ruidosas estão, a título de exemplo:

  • Os cães de matilha (beagles, bassets…etc.) ladram para alertar onde está uma presa e também a amedrontam.  
  • Os terriers, selecionados geneticamente para caçar pequenas presas como ratos, texugos ou coelhos. Estes cães tinham que cavar a terra ou entrar em tocas – ladravam para avisar se ficassem presos. 
  • Alguns cães de guarda: como o pastor alemão, com tendência natural para alertar quando há algum perigo. 

2. Frustração ou excitação

Alguns cães ladram quando não conseguem o que querem e também quando estão sobre-excitados. 

Um exemplo muito claro, são aqueles cães que ladram muito quando vão até ao parque, porque têm pressa de chegar e não conseguem ir tão rápido quanto queriam (quando lhes pedimos que caminhem ao nosso ritmo já que não podem ir sozinhos). 

Como solucionar

Não existe uma solução milagrosa para os cães que ladram por frustração ou excitação. O que deves fazer é educar o teu cão, no dia-a-dia, para que seja capaz de tolerar pequenas situações que o frustrem. Aconselhamos o seguinte:

  • Não permitas que o teu cão obtenha tudo aquilo que quer, quando quer e como quer. Acima de tudo, não cedas quando ele estiver a reclamar ladrando. O cão deve aprender a respeitar alguns limites. 
  • Recompensa-o sempre que ele espere pacientemente quando deseja obter o que deseja (sem ladrar, nem saltar). Reforça esse comportamento. 
  • Sê compreensivo e flexível com o teu cão. Não convertas o seu dia-a-dia numa lista de regras supre estritas. Todos necessitamos de sentir que vivemos num ambiente amável. 

3. Chamar a atenção

Alguns cães que ladram muito, fazem-no porque se deram conta que ladrar é uma estratégia que funciona. Eles obtêm assim tudo aquilo que querem: “eu ladro e dão-me o que eu peço”.

Como já dissemos, ladrar é uma forma que os cães têm de se comunicar connosco, tratando-se da sua forma de pedir coisas. Mas se o teu cão é dos que está sempre a reclamar de tudo com o latido ou simplesmente ladra para que lhe prestes atenção, deves corrigir esse comportamento.
 
Como solucionar

  • Não cedas quando o teu cão estiver a ladrar para chamar a tua atenção. Tens de mostrar-lhe que esta não é a maneira de pedir-te coisas. 
  • Para que o teu cão não chame a tua atenção a ladrar, deves ser consequente e não esquecer de atender às suas necessidades.
  • Propõe uma forma alternativa de se dirigir a ti: para isso precisas de estar muito atento e antecipar quando ele quer alguma coisa. Enquanto ele olhe para ti, dá-lhe o que necessita – assim aprenderá que não necessita de ladrar. Por exemplo, se o teu cão é daqueles que ladram muito quando querem brincar, não esperes que chegue até esse ponto e adianta-te a brincar com ele. 

4. Ladrar para alertar

Alguns cães ladram quando ouvem um som estranho ou quando a campainha de casa toca. Eles fazem isto para avisar o resto da “manada-família humana”. É algo que é instintivo. 

Como solucionar

O latido que serve para alertas é dos mais difíceis de corrigir. Este trata-se de uma resposta espontânea e instintiva, que tem bastante sentido quando pensamos na estratégia evolutiva dos cães. 

Coleiras anti latido: sim ou não?

Existem no mercado diversas coleiras anti latido para cães que ladrem muito. Algumas funcionam submetendo o cão a uma descarga elétrica por cada vez que ladra, de modo a castigar o cão. Outras emanam um perfume de citronela, extremamente desagradável para o olfato canino. Também existem a que utilizam som e vibração.

Escolher este método de modificação do comportamento é uma opção pessoal, seja tanto para o latido de alarme como para outros tipos de latido. No entanto, deves ter em conta que a European Society of Veterinary Clinical Ethology (ESVCE) e o Grupo de Especialidade de Etología Clínica de AVEPA não os recomendam devido ao risco para a saúde física e emocional dos cães. 

5. Medo e/ou Ansiedade

Muitos cães ladram quando algo os assusta. Poderá ser outro cão, uma pessoa ou qualquer situação que lhes provoque medo.

No caso dos cães que ladram quando ficam sozinhos em casa, este é um comportamento que pode estar associado ao chamado transtorno de ansiedade por separação. 

Como solucionar

A primeira coisa a fazer para ajudar cães que ladram porque têm medo ou ansiedade, será detetar a origem do problema: o que estará a assustar o meu cão?

Uma vez identificada a raiz do problema, deve-se fazer uma terapia de modificação comportamental adaptada e com a ajuda de um especialista. 

Resumindo um pouco, tratar um cão com medo passa por:

  • Põe o teu cão em contato progressivamente com aquilo que o assusta, de modo que não provoques uma reação negativa perante o contexto. Deve-se modular a distância com que expões o teu cão ao estímulo que lhe provoca medo, assim como a sua intensidade.
  • Associar a situação que dá medo ao teu cão através de recompensas para um estado emocional positivo. Nunca o castigues pela sua atitude quando exposto a algo que lhe dá medo ou ansiedade.   

6. Causa orgânica e/ou latidos compulsivos

Alguns cães que ladram muito, fazem-no devido a alguma patologia. Por exemplo, alguns problemas neurológicos podem ter como sintoma o latido.

Por outro lado, existe o latido associado a um transtorno compulsivo. Tratam-se de cães que ladram de forma estereotipada. 

Como solucionar

A solução passa sempre por ir ao veterinário ou ao etólogo clínico. Eles poderão avaliar cada caso de forma particular, assim como dar orientações para o tratamento. 
 

Bibliografia consultada:

1. J Comp Psychol. 2002 Jun;116(2):189-93.
2. A new perspective on barking in dogs (Canis familiaris).
 

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